(Viagem em 09/2016, Publicado em 01/2018; Texto: Gilda M.Lavecchia; Fotos: Daniel R.Carneiro e Gilda M.Lavecchia)
Praga é a capital da República Checa e está localizada na Europa Central, em ambas as margens do rio Vltava. É uma das cidades
históricas mais bem conservadas.
Felizmente, sua arquitetura não sofreu muitos danos durante as guerras. Visitá-la significa absorver uma cultura que começou a se desenvolver por milhares de anos (resquícios atestam a existência de povoações entre os anos 5000 e 2700 a.C. É também conhecida como "cidade das cem cúpulas".
Não há dificuldades em se locomover por Praga, existe metrô e bonde elétrico. Porém, a melhor maneira de se apreciar sua belíssima arquitetura, principalmente na parte histórica é a pé.
A cidade nasceu e cresceu no cruzamento de antigos caminhos
comerciais. Sua história começa aqui no Portão Matias, entrada principal do
Castelo de Praga. É a primeira obra barroca da arquitetura praguense.
O Castelo foi fundado pelo Príncipe Checo Borivoj na segunda
metade do século IX, no alto de uma colina, para que esta fortificação
dominasse a região e as embarcações que transitavam pelo rio Vltava.
Na Praça do Castelo (Praça Hradcanské) encontramos os
palácios:
- Palácio Episcopal: em 1562, o rei Fernando I o doou ao
arcebispo de Praga. Originalmente construída no estilo renascentista, foi
reconstruído pelo arcebispo Jan Bedrich no estilo barroco. O palácio deve a sua
atual arquitetura no estilo rococó a uma posterior reconstrução, que respeitou
as características barrocas anteriores e aplicou elementos decorativos no
estilo rococó. A coleção de oito tapeçarias francesas dos anos 1764-1765 é uma
das mais preciosas do palácio.
- Palácio Toscano: foi construído em estilo barroco-romano
nos anos 1689-1691 no lugar de várias casas burguesas e de nobreza. Pertencia
ao conde Thun-Hohenstein que tinha uma biblioteca e coleções preciosas.
O palácio é um edifício de quatro alas enriquecido com sete
estátuas. A escultura do arcanjo Miguel – patrono do arquiteto do palácio, se
encontra na esquina. É datada de 1693.
- Palácio Schwarzenberg: é considerado um dos palácios mais
belos da capital, não só por sua rica e belíssima decoração esgrafiada, como
também pela sua localização extraordinária sobre um penhasco rochoso na rampa
do castelo. Construído entre 1545 e 1563, possui no seu interior coleções do
Museu Militar Histórico.
O Castelo de Praga é praticamente uma cidade, e no seu
interior destaca-se a Catedral de São Vito que é o templo principal do castelo,
centro espiritual e pérola arquitetônica do país.
Na fachada sul da Catedral há a Porta de Ouro. Tendo sido no
passado a entrada principal da catedral, representa o Juízo Final: no centro
encontra-se o Jesus Cristo, por baixo dele estão ajoelhados os patronos do país
e mais para baixo, dos dois lados, Carlos IV com sua esposa Elisabete de
Pomerânia.
A torre da catedral tem 96,5m de altura, é rematada por um
elemento renascentista em forma de elmo e tem 4 sinos: o sino Sigismundo é o
maior sino da Boémia e foi fundido em 1549.
A fachada ocidental da catedral é neogótica com duas torres
de 82m de altura.
A rosácea de pedra representa cenas de cada um dos dias da criação do mundo. Na porta de entrada de bronze está representada a história da construção da catedral.
A janela da nova capela episcopal com cenas da vida de São
Cirilo e São Metódio foi criada segundo o desenho do pintor checo Alfons Mucha.
A catedral tem 124m de comprimento e 60m de largura. A
abóbada da nave principal forma uma rede e Petr Parlér foi o primeiro a
utilizá-la na Europa Central.
A segunda igreja do Castelo é a Basílica de São Jorge: duas
torres de marga, brancas, de diferente largura cada uma, erguem-se no panorama
do Castelo. Foi fundada em 920 pelo príncipe Vratislav I (pai de São
Venceslau).
Em 973, Mlada (irmã de Boleslav II) fundou junto da igreja um convento e as primeiras
freiras da Ordem de São Benedito foram para a Boémia.
No início do século XIII
construiu-se a capela no estilo romântico tardio, dedicada à Santa Ludmila. As
estátuas e a fachada representam o príncipe Vratislav e a abadessa Mlada.
A sala Vladislav é o maior espaço profano da Praga medieval.
Foi edificada pelo rei Vladislav Jagellão entre 1493 e 1502. A abóbada em forma
de estrela foi arquitetada no estilo gótico tardio. A sala serviu para celebrar
banquetes de coroação e bailes. A partir de 1918 a sala passou a ter a função
de realizar a eleição do Presidente da República.
A Sala do Conselho do Reino (Dieta da Boémia) servia ao
órgão supremo da justiça medieval checa – Tribunal do Reino. O escrivão
sentava-se na tribuna renascentista (1564) para ter acesso direto à sala do Arquivo do Reino. A construção da sala iniciou-se em
1559 e quatro anos após foi abobadada em estilo gótico tardio.
Na Sala do Arquivo do Reino as atas do Arquivo são uma coleção de inscrições sobre as transferências dos bens imóveis e as decisões do Tribunal Real, com caráter legal. Os brasões dos funcionários do Arquivo decoram as paredes da sala datando dos anos 1561-1774.
Atrás da catedral existem pequenas casas que serviam de
residência dos artilheiros do castelo. É o lugar conhecido como BECO de OURO.
As casas foram construídas junto à muralha de defesa do
castelo a partir do século XVI. Podemos observar várias armaduras:
Tornou-se uma lenda tradicional a afirmação de que nos
tempos do imperador Rodolfo II os alquimistas viviam nestas casas, dedicando-se
ao fabrico do ouro. Elas foram preservadas e expostas da forma como eram utilizadas, o que torna muito interessante imaginar a vida neste lugar!
Conforme a profissão dos artilheiros foi decaindo, as casas
pitorescas foram sendo progressivamente ocupadas por artesãos de toda a índole.
Nos anos seguintes os pobres e malfeitores praguenses as
ocupavam.
No século XIX as pessoas começaram a apreciar a magia
romântica deste local. Várias roupas da época estão em exposição:
No século XX viveram aqui várias personagens destacadas,
entre elas, o escritor Franz Kafka que em 1917, tinha o seu escritório na casa
22 da dita ruela.
Havia cinema neste Beco
O castelo de Praga é a sede do governo e residência do
presidente desde 1918. Apesar de ter começado a ser construído no século IX,
passou por várias reformas.
Um modo interessante de se conhecer Praga é percorrer o CAMINHO DOS REIS. Podemos imaginar como acontecia o cortejo de coroação até à suprema honra. Iniciaremos a caminhada na Torre de Pólvora (ao lado da Casa Municipal), onde partia o cortejo...
Siga pela rua Celetná até a Praça da Cidade Velha
(cidade mais antiga da Boêmia, fundada durante o reinado de Venceslau I em
1232-1234).
Esta praça é muito
bonita e vemos estruturas arquitetônicas imperdíveis:
- Câmara Municipal: criada
em 1338 é um conjunto de 5 casas:
. Casa de Volflin de
Pedra: Constitui a base da Câmara, sobre o portal de origem gótica encontra-se
a janela renascentista com os símbolos do Império Sacro Romano, do Reino de
Boémia e da Cidade Velha dos dois lados.
Casa Kriz: este
segundo edifício foi adquirido em 1360. No primeiro piso decora-o uma belíssima
janela renascentista. A inscrição anuncia a todos que Praga é a capital do
reino, ou seja, do país. Por trás desta janela encontra-se a sala nupcial da
Câmara Municipal.
. Casa do peleiro
Mikes: Tem uma fachada neo-renascentista.
. Casa do Galo: Com
estilo classicista foi adquirida pela capital depois de 1830.
. Casa do minuto:
tornou-se parte da Câmara Municipal a partir de 1896. Esta chega até a praça.
Na Torre da Câmara
Municipal (1338), do lado sul, encontra-se o famoso relógio astronômico (os apóstolos rodam nas janelas a cada
hora certa) que engloba o esqueleto e as alegorias de Avareza e Vaidade, bem
como toda a ciência astronômica: indica anos, meses, dias e horas, o nascer e o
pôr do sol e da lua e os signos do zodíaco.
- Igreja de Nossa
Senhora diante de Týn: foi fundada no final do reinado de João de Luxemburgo.
Tem este nome porque ao lado desta praça (antes de 1100) foi construído um
grande pátio fortificado denominado Týn. A partir de 1380 a sua edificação continuou a
ser construída e só ficou pronta no começo do século XVI. Suas torres possuem
80 m de altura e seu estilo é o gótico primitivo.
- Igreja de São
Nicolau: como a maior parte das igrejas barrocas, é de origem gótica. Junto
dela estabeleceu-se em 1635 o Mosteiro da Ordem de São Benedito. O interior da
igreja tem um fresco barroco de Cosme Damião Assam com cenas da vida de São
Nicolau e São Benedito.
- Casa do Sino de
Pedra: adquiriu este nome devido ao sino de pedra que se encontra na esquina
direita da fachada. É uma das casas burguesas medievais mais preciosas de
Praga. Foi construída no final do século XIII. Supostamente o próprio rei
Carlos IV viveu nela. No interior da casa há duas capelas decoradas com
pinturas murais e fragmentos de escultura.
- Carolinum: é o
mais antigo edifício universitário. O edifício tinha uma belíssima sacada
gótica com a Capela de São Cosme e São Damião que se preservou até hoje e
apresenta ricas decorações de talha. A galeria com abóbada de nervuras dos
séculos XIV e XV serve de sala de exposições.
Todas as casas e
todas as pedras na Praça da Cidade Velha têm a sua própria história. A Praça é
mencionada já por volta de 1100, como praça de mercado na margem direita do rio
Moldova.
A praça tem sido
testemunha de inúmeros acontecimentos dramáticos. Realizaram-se aqui festas,
revoltas do povo e execuções. A execução mais cruel de todas foi a dos 27
nobres checos , líderes da Revolta dos Estado Checos contra o imperador
habsburgo e rei da Boêmia, em 1621.
No centro da praça
ergue-se o monumento do Mestre João Hus no estilo Arte Nova. Ele encontra-se
envolvido por um grupo de combatentes hussitas e de exilados do período seguinte
à Batalha da Montanha Branca. O monumento foi inaugurado a 6 de julho de 1915
por ocasião da comemoração dos quinhentos anos do suplício de João Hus na
fogueira em Constança.
Prosseguindo o
cortejo real continuaremos pela Rua Karlova até à Praça
Krizovnické. Costuma-se dizer que esta praça é uma das mais lindas da Europa.
De todos os lados olham para nós os edifícios monumentais e as estátuas:
- Torre da Ponte da
Cidade Velha: se ergue sobre o primeiro pilar da Ponte Carlos. Foi construída
em 1380 pelo arquiteto da Catedral de São Vito. A fachada leste é mais
decorada: o arco gótico possui 28 rosáceas, sobre as quais se encontram as
armas dos países onde reinaram os Luxemburgos. No primeiro piso estão as
estátuas sentadas de Carlos IV e Venceslau IV e, entre eles, São Vito, patrono
da ponte e do Império Romano e do Reino da Boémia. No segundo piso há amplas
janelas e nos nichos encontra-se estátuas dos patronos checos – São Adalberto e
São Sigismundo.
A porta da torre
fechava-se, bem como todas as portas das fortificações, por uma grade de ferro
na hora de perigo. Em fevereiro de 1611, os soldados de Passau (cidade
fronteiriça com a Alemanha) atacaram Praga e, depois de saquearem a Cidade
Menor, invadiram a ponte para repetir o mesmo na Cidade Velha. Contudo,
esbarraram com a grade e com as balas dos praguenses que se defendiam. Assim,
os inimigos não penetraram na Cidade Velha. A torre adquiriu fama também
durante a luta contra as tropas suecas em 1648. Porém, neste enfrentamento foi
destruída a decoração da fachada de trás.
- Rudolfinum:
edifício no estilo neo-renascentista com rica decoração de esculturas e obras
dos melhores artistas da época. Foi construído nos anos 1876-1884 com o destino
a artes e cultura. Na parte sul destaca-se (por sua perfeita acústica) a sala
Dvorák onde todos os anos, desde 1946, se realizam os concertos do festival
musical “A Primavera de Praga”.
- Museu Smetana:
foi, originalmente, sede administrativa praguense da empresa de abastecimento
de água, construída em 1887, no estilo neo-renascentista checo. Um esgrafito em
branco e negro decora a fachada que representa a defesa da Cidade Velha em 1648
contra as tropas suecas, durante a guerra dos 30 anos. Só em 1935, o município conseguiu
transformar o edifício em museu. Expõe documentos e obras da vida do gênio
musical B. Smetana. Na sala também organizam-se concertos.
- Teatro Nacional:
tem um significado especial para a nação checa. Em meados do século XVIII, em
Praga não existia uma cena de teatro em que se falasse exclusivamente checo. Em
1868 foi colocada solenemente a pedra de fundação do futuro Teatro Nacional e
sua construção foi concluída em 1883.
- Clementinum: foi
um extenso e amplo colégio jesuíta. De 1558 a 1700, realizavam-se espetáculos
de teatro que atraíam o público que se concentrava no pátio do Colégio de
Clementinum. O interesse foi tão grande que ainda se realizavam outros
espetáculos na pr´pria Praça Krizovnické. Em 1648 os jesuítas contribuíram para
a defesa da cidade contra as tropas suecas.
- Igreja de São
Francisco: Na praça mais bela da Europa
Central ergue-se a cúpula da igreja de São Francisco, construída nos anos
1679-1689.
A planta da igreja tem a forma da cruz grega – símbolo da ordem. Pertence a única ordem religiosa checa que se constituiu como irmandade dos hospitalários, em 1234, ganhando autonomia. Nesta igreja acontecem concertos. Tivemos a oportunidade de assistir, realmente é uma oportunidade única!
Ao passarmos pelo
arco da torre, veremos a Ponte Carlos. Todo turista passa várias vezes por esta
ponte. É um dos cartões postais de Praga e onde atravessamos da Cidade Velha
para a Cidade Menor de Praga (como era chamada antigamente). Era aqui que o
cortejo solene tinha que apanhar fôlego. A partir deste ponto temos que subir pela Rua Neruda até o Castelo.
A “pérola da
arquitetura medieval” só a partir de 1870 é que leva o nome do seu fundador
Carlos IV. A ponte tem 520m de comprimento e 9,5m de largura. No começo, foi
decorada por uma simples cruz, as 30 estátuas só foram colocadas nela a partir
do século XVII.
As estátuas da Ponte
Carlos constituem uma galeria inesquecível ao ar livre. Os gestos exaltados, ou
pelo contrário, gestos de entrega humilde, relatam a vida dos santos.
Um dos
grupos esculturais mais famosos da ponte é o que representa São João de Matha e
São Felix de Valois com Santo Ivan Anacoreta. Todos eles se empenharam por
salvar os cristãos do cativeiro turco. Este grupo escultural, segundo a figura
do turco que vigia os reis cristãos, chama-se o “Turco de Praga”. Obra datada
de 1714.
Em ambos os extremos
da ponte erguem-se torres com portões o que tornou a ponte numa fortaleza. Do
lado da Cidade Velha há só uma e do lado da Cidade Menor há duas torres. Estas últimas,
têm portas góticas dos dois lados. Na ameia dentada da porta encontram-se
escudos checo, alemão e da Alta Lusácia. A torre mais baixa foi erguida antes
de 1135 é de origem românica e após 1591 foi remodelada no estilo
renascentista. A torre mais alta foi construída em 1464 e reconstruída no
século XIX.
Prossigamos a nossa
marcha até onde termina o cortejo real e onde se dirigem os passos de todos os
visitantes - até o Castelo de Praga. Se olharmos ao redor, a cidade de cem
torres abre-se ao esplêndido panorama. Fechemos os olhos e deixemo-nos levar ao
passado, ao tempo de Carlos IV. Este monarca excepcional, deixou construir a
nova ponte de pedra, fundou a Nova Cidade de Praga e, no próprio recinto do
Castelo, mandou construir a grandiosa catedral gótica de São Vito.
Existem outras regiões interessantes em Praga como o Cemitério Judaico e a Cidade Nova, que podem ser visitadas em outros dias completando a atmosfera delíciosa que sentimos ao passear por esta cidade..
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